Tempo de leitura: 2m e 30s
Outro dia, me perguntaram por que eu fiz jornalismo. Parei pra fazer um retrospecto, daqueles em que um filmezinho da vida passa pela nossa cabeça em segundos e respondi: por causa do meu tio e do pó de pirlimpimpim do Sítio do Picapau Amarelo.
A pessoa me olhou meio desconfiada e eu tive que explicar. Quando eu era pequena, eu ouvia meu tio na Rádio Nacional. Normalmente, quando estávamos no trânsito, meu pai falava: “Olha aí, é o tio Carlos!” A voz dele enchia o carro e a minha cabeça ia a mil… Ficava imaginando como ele tinha conseguido entrar no rádio do nosso carro, sem que ninguém visse, sem a menor cerimônia.
Um dia, num dos almoços de domingo na casa da minha avó, eu perguntei como aquilo era possível, e ele, com aquele jeito carismático, respondeu: “É que eu conheço o pessoal do Sítio e consegui um pouco do pó de pirlimpimpim”.
Eu, que não perdia nenhum episódio dos personagens de Monteiro Lobato na televisão, fiquei encantada. Aquela história não me saiu mais da cabeça e passou a ser a explicação mais convincente e inquestionável para as incursões do meu tio pelo rádio do nosso carro. Este foi o meu primeiro encantamento pela profissão.
O rádio foi a minha porta de entrada no jornalismo. Primeiro na Rádio Nacional, do meu tio Carlos, e depois na Rádio Cultura FM. Em seguida, passei a desvendar os meandros da TV. Entrei na Globo como repórter de Cidade e apresentadora do Globo Esporte local.
Dos buracos na rua aos gabinetes acarpetados, conheci profundamente a cidade. As demandas da população mais pobre incendiaram a minha caneta durante os anos de reportagem no DFTV. Depois, os conchavos do poder quase sempre eram a matéria-prima das minhas coberturas para o Jornal Hoje.
Em Brasília, tive a chance de transitar por quase todos os telejornais da Globo até chegar à bancada da Globonews no Rio de Janeiro, levada por Alice Maria, em que fui âncora do Em Cima da Hora por dois anos.
Mas a saudade foi mais forte e resolvi voltar. Retornei com o desafio de participar de um projeto que mudaria a cara do DFTV. Dividindo a bancada com Alexandre Garcia, ancorei e ajudei a formatar um telejornal mais popular e dinâmico, no qual fiquei por quatro anos. Foram dez anos seguidos de TV Globo e depois em projetos especiais esporádicos até chegar ao Distrito Cultural.
Sou a idealizadora e apresentadora de um dos programas de TV mais legais da cidade (desculpe a falta de modéstia!): o Distrito Cultural, que já teve duas temporadas na TV Globo e caminha para a terceira em 2017. São minidocumentários de 15 minutos que mostram um pouco da identidade brasiliense pelo viés da cultura. Uma delícia de trabalho e que me faz redescobrir a cidade a cada nova entrevista.
Mas, como o pó de pirlimpimpim é herança de família, fiquei quatro anos na coluna Mais Brasília, na Rádio CBN. E agora vou entrar na telinha do seu celular ou do computador toda semana pra contar alguns segredos da nossa cidade.
27 Comentários
Adriana Magalhães Alves de Melo
06/06/2017 at 18:23Sua cara esse pó de pirlimpimpim, Marcinha
Adorei o texto e o projeto
marcia zarur
07/06/2017 at 08:18Obrigada Adriana! Alem do carinho e da admiração desde à época da Universidade, temos uma imensa sintonia quando falamos de Brasília. Feliz por ver você por aqui. 🙂
luiz claudio miranda moraes
07/06/2017 at 13:21Amei sua história. Parabéns
marcia zarur
07/06/2017 at 20:04Que bom! Fico muito feliz. Obrigada!
Sandra Beatriz
07/06/2017 at 14:14Não há coisa melhor do que amar o que se faz. Brasília precisa de mais gente como você!
marcia zarur
07/06/2017 at 20:03🙂
HELENA Z LUCARELLI
07/06/2017 at 17:47Gostei muito de saber a história completa!! Parabéns querida Márcia!!
marcia zarur
07/06/2017 at 20:03Eu é que agradeço o carinho! Apareça aqui no nosso site pra matar as saudades de Brasília!!!
Elza Maria
07/06/2017 at 18:48Marcinha querida!
Já começo dando os parabéns! Que site bonito e importante!
Que bom poder entrar nesse “Olhar Brasília” e enxergar a verdadeira cidade que bem conhecemos e que tanto admiramos!
Nós precisávamos de um espaço como este, e o que dirá produzido por profissional, cujo curriculum bem a consagra como a pioneira em divulgar a cidade, seus valores e encantos!
marcia zarur
07/06/2017 at 20:02Que linda mensagem! Muito obrigada. Não há incentivo maior do que este. Nossa cidade é mesmo muito linda, e precisa ser valorizada!!! Agradeço demais a torcida e o incentivo!
Kerley de Almeida Andrade
07/06/2017 at 19:41Marcia! Parabéns pelo belo trabalho!! Cada vez mais, conheço BSB por meio dos seus depoimentos… você fala de BSB como uma mãe fala de um filho!!! Adorei seu site… era tudo o que estava faltando…
marcia zarur
07/06/2017 at 20:01Obrigada Kerley, querida! Nós sabemos o que essa cidade tem de bom, mas quase nunca há espaço pra esse outro lado aparecer… Muito feliz de vc ter gostado do site!!!
Sandra Beatriz
08/06/2017 at 11:33Por falar em Sítio do Picapau Amarelo, Zilka Sallaberry! a nossa eterna Dona Benta completaria 100 anos.
marcia zarur
09/06/2017 at 22:12Inesquecível!!!
Kenia
08/06/2017 at 20:19Pó de pirlimpimpim só pode ser coisa do Sítio ou de “Marciana”. É muito bom ver seu entusiasmo e seu idealismo pautado no bem da nossa cidade.
marcia zarur
09/06/2017 at 22:11Estamos entusiasmadas e felizes por poder contribuir de alguma forma com a nossa linda Brasília!
edilene basambeth
08/06/2017 at 21:08Belíssima história, belíssima trajetória! Parabéns por nos dar esse presente.
marcia zarur
09/06/2017 at 22:10Eu é que agradeço! Espero que você continue nos acompanhando aqui no Olhar Brasília. Bjs
Nely Calegaro
09/06/2017 at 15:54Você nasceu para ser estrela ⭐️ e nada vai ofuscar a sua luz, parabéns Marcia
marcia zarur
09/06/2017 at 22:09Agradeço imensamente o carinho!
Viviane da Rocha Spiegel
10/06/2017 at 14:14Que trajetória incrível! Quanta história pra contar ! Merece um livro !! Parabéns Marcia , muito sucesso !
marcia zarur
10/06/2017 at 19:31Muito obrigada! Samanta e eu encontramos aqui o espaço pra falar das nossas vivências e das impressões em relação à cidade. Este será o nosso “livro”. 😉
Alcena CVC
10/06/2017 at 14:45Marcia amei o texto e foi no tempo do DFTV que conheci você e tua generosidade em ajudar aos brasilienses que precisavam de um ajuda, mão amiga! E foram várias vezes…
marcia zarur
10/06/2017 at 19:29Agradeço, de coração, o carinho querida Alcena.
Carmen Morici Crego
12/06/2017 at 06:36Que linda história Samanta!!!! Você é vocacionada para este trabalho. Maravilha!!! Me orgulho de você!!!! Só luz!!!!!
Carlos Zarur
23/06/2017 at 11:02Querida Marcinha,
Vou te contar um segredo: ainda tenho um pouquinho do nosso famoso pó de pirlimpimpim! Está guardado em lugar super secreto, mas posso dividir com você. Nada nelhor na vida do que a imaginação de uma criança e isto você tinha muito e, ainda bem, continua tendo.
Gostei de ver acima a foto da máquina de escrever que foi do seu avô e que eu passei para sua responsabilidade, no dia que você se formou em jornalismo. Foi como a passagem de um bastão, daqueles das corridas olímpicas. Ainda bem que eu tinha duas, pois depois seu primo Fernando Zarur também se formou em jornalismo e ganhou a outra.
Eu fiquei sem nenhuma, mas ganhei coisa muito maior: o orgulho de vêlos brilhando na mesma profissão que eu havia escolhido para mim há tanto tempo.
Adorei o site e Brasília, sem dúvida, precisava de alguém para defendê-la.
Beijos do Tio Carlos
Marcia Zarur
23/07/2017 at 20:26Você é a nossa grande inspiração! Que bom que Fernando e eu temos estamos seguindo os seus passos… Um beijo imenso e prometo fazer sempre bom uso desse pó de pirlimpimpim. 😉