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Olhar Brasília

Hélio Montferre

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Lá na minha rua

A Superquadra é uma joia

Tempo de leitura: 2m e 20s

O arquiteto Thiago de Andrade foi uma indicação técnica para a Secretaria de Habitação. Ele deixou a presidência do Instituto dos Arquitetos do Brasil – DF para se dedicar à gestão de uma das áreas mais desafiadoras da cidade. Brasiliense, mora com a mulher e os filhos no mesmo apartamento onde nasceu, na 405 Norte. Com essa vivência intensa da Superquadra, ele conversou com o Olhar Brasília.

 

THIAGO DE ANDRADEjoana francaOLHAR BRASÍLIA: Como é morar numa Superquadra? 

THIAGO DE ANDRADE: Você mora numa experiência revolucionaria de habitação. Hoje, obviamente, está muito elitizada, porque ela é tão excepcional que virou um bem raro, uma joia. A cidade tem mais de 400 mil imóveis. Essa experiência não vai chegar a 10% da moradia que existe, então é uma joia mesmo, uma raridade. A Superquadra busca, fundamentalmente, reconectar esse espaço natural perdido pelo processo de industrialização.

“A proposta de Brasília mudou a imagem de morar em apartamento. Isso porque morar em apartamento na Superquadra significa dispor de chão livre e gramados generosos contíguos à casa, numa escala em que um lote individual normal não tem possibilidade de oferecer.” Lucio Costa – Brasília Revisitada.

OLHAR BRASÍLIA: No projeto do Plano Piloto, Lucio Costa privilegiou o verde?

THIAGO DE ANDRADE: Os croquis do Lucio Costa mostram os prédios praticamente ocultados. Tem um croqui, que é maravilhoso, que mostra só praticamente a copa do prédio, o topo do prédio aparece e a vegetação toma conta. Ele tinha esta inteligência de que o verde se sobreporia às massas de edifícios, inclusive, ele menciona que os prédios poderiam ter características medíocres, porque o que importaria seria o verde. A vegetação não deixa nem transparecer tanto a decadência dos prédios.

OLHAR BRASÍLIA:Como é crescer numa Superquadra?

THIAGO DE ANDRADE: A Superquadra traz um quintal coletivo e quem cresce nessa experiência tem uma visão de mundo diferente. Com 6, 7 anos de idade, a gente jogava bola e tinha 13 campos de futebol na minha quadra, que a gente usava de acordo com o número de pessoas que jogariam. Possibilidade infinita de arranjos espaciais pra jogar futebol, bete, bolinha de gude, botão, basquete, vôlei…
É crescer com essa visão da paisagem, da horizontalidade, da predominância do verde, e ter a noção clara da propriedade. Sempre soubemos que o espaço é público. Quando crianças, já sabíamos que tínhamos o direito de brincar ali, ninguém podia nos proibir. O espaço era nosso, de todos, e continua sendo.

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2 Comentários

  • Reply
    Beth Barbosa
    16/06/2017 at 15:00

    Oi gente! Gostaria de sugerir postagens sobre as siglas do DF. Até pra facilitar quem vem à cidade e novos moradores kkk. A sopa de letrinhas, a lógica das quadras pares e ímpares, usar os pontos cardeais, que infelizmente muita gente nem sabe maus o que é, como Eixo W kkkk ajudaria e muito. Tô amando o trabalho de vocês! Mais uma vez parabéns

    • Reply
      marcia zarur
      16/06/2017 at 19:52

      Que bom que você está nos acompanhando e gostando do site. Tudo aqui é feito com carinho, e com a participação da comunidade fica melhor ainda! Adoramos a sugestão da “sopa de letrinhas”, mas se você puder enviar para contato@olharbrasilia.com nos ajuda bastante. Muito obrigada!

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