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Olhar Brasília

Sandra Beatriz Zarur

SBZ LagoSul
Marcia Zarur

Lago Paranoá – futuro incerto

Na nossa campanha #mexeucombrasiliamexeucomigo, muita gente citou o Lago Paranoá como uma das nossas maravilhas. Um respiro na aridez do Cerrado. Um espelho do nosso céu.

Mas há também quem veja o Lago como um reservatório gigante para ajudar a abastecer a cidade em tempos de racionamento. Resta saber: será que ele aguenta?

Outro dia, a mãe de um grande amigo me ligou, pedindo para que eu, como jornalista, amplificasse a preocupação dela e investigasse o que vai acontecer com o nosso Lago.

Dona Marluce Mencarini Clark, com a autoridade de quem adotou Brasília como cidade do coração desde a década de 60, quer saber o que estão fazendo para preservar o Lago. Se há reflorestamento das margens e o cuidado necessário com as nascentes.

Fui pesquisar respostas pra ela, pra mim e pra você!

A Caesb disse que os projetos de preservação e recuperação das nascentes e margens são feitos pelo Ibram. A companhia afirma que tem licença ambiental pra captar até 2.800 litros de água por segundo, mas que ‘só’ vai retirar 700 litros por segundo e que por isso o Lago vai seguir sem mudanças em seu nível.

Mas não é o que pensa o acadêmico do Instituto Histórico e Geográfico do DF Eugênio Giovenardi. Ele classifica a retirada de água do Lago como uma medida irracional. E duvida que a captação não cause impactos sérios ao Lago. “Grande parte dessa água não volta mais pro Paranoá”, afirma. “Acredito que já teremos danos visíveis em aproximadamente 5 anos. O Lago pode ficar menor e doente.”

A solução apontada pelo especialista para resolver a crise hídrica seria uma ação conjunta de investimento em captação de água da chuva. “Na Esplanada, nenhum ministério capta água da chuva. Hotéis, bancos e prédios públicos usam água potável para lavar calçadas. Isso é um absurdo!”, reclama.

Confesso que saí da conversa muito preocupada com o Lago. E com uma frase dita pelo professor Eugênio ecoando na minha cabeça: “As pessoas precisam de um novo olhar sobre a natureza se quiserem qualidade de vida.”

E quanto ao Paranoá, o que será que nós podemos fazer?

Precisamos acompanhar o que os gestores estão decidindo, buscar informações e chamar a atenção para o assunto, como fez a Dona Marluce. E seria um ótimo começo recolher o próprio lixo e participar de alguma ação de plantio nas margens ou nascentes. Trabalho de formiguinha também traz resultados…

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8 Comentários

  • Reply
    Álvaro César de Araújo
    22/06/2017 at 12:04

    Excelente e muito oportuno, Márcia Zarur.
    Acompanho com muita preocupação o que ronda o Lago Paranoá e sua saúde.
    Fotografo suas aves há anos. Questões como lixo deixado e revegetação de suas margens são gritantes. Há como conciliar lazer para a população com conscientização ambiental. Falo sobre isto em minha exposição itinerante ‘Um Olhar Sobre as Aves do Cerrado”, enfatizando o papel das aves como indicadoras de qualidade ambiental, não apenas como motivadoras de contemplação – o que já é algo, e propagamos este conceito em nosso grupo FACEAVES.
    Sempre adiante, sucesso e fraterno abraço!

    • Reply
      Marcia Zarur
      23/07/2017 at 20:35

      Agradecemos imensamente a participação. Esse olhar de quem acompanha de perto o Lago é importantíssimo para a sua preservação. Por favor nos avise quando montar novamente a exposição “Um Olhar Sobre as Aves do Cerrado”. Temos interesse em conhecer. Pode nos enviar pelo contato@olharbrasilia.com

  • Reply
    Mario Nelson Duarte
    22/06/2017 at 16:03

    Parabéns a toda a sua equipe, Márcia.
    O maior perigo para a Natureza é o menosprezo com suas necessidades, é a cômoda certeza de que “no fim, tudo se ajeita”. Mas isso não acontece.
    Brincaram tanto com o Rio São Francisco que ele está secando. Os gaiolas que saíam regularmente de Três Marias para o Norte de Minas estão praticamente desativados e, nos trechos nordestinos, o quadro é desalentador. Roubaram água do Véio Chico para a lavoura de elite e, entre outras barbaridades, inventaram essa “transposição” (na verdade, uma espoliação) sertão afora.
    O destino do nosso Paranoá vai ser o mesmo. Já vivemos isso, há algumas décadas, quando o nível de suas águas baixou e um tremendo mau cheiro tomou conta das duas Asas e dos Lagos Sul e Norte. A manchete histórica do Correio Braziliense (se não me falha a memória, criada por Renato Riella) foi no fígado: ‘O LAGO FEDE”.
    Parabéns, mais uma vez, pelo belo trabalho. Não desista.

    • Reply
      Marcia Zarur
      23/07/2017 at 20:33

      Agradecemos muito a participação e o incentivo. De fato é um problema grave e que nós, moradores, não podemos deixar de lado esperando que “tudo se ajeite”. A comparação com o Rio São Francisco é muito válida. Estamos cheios de exemplos como este pelo Brasil afora e não podemos deixar que Brasília siga essa toada…

  • Reply
    Giacometti
    22/06/2017 at 18:37

    O que adianta o lago cheio e a cidade com as torneiras secas?

    • Reply
      Marcia Zarur
      23/07/2017 at 20:31

      Precisamos pensar em outras maneiras de abastecer a cidade para que, no futuro, não fiquemos com as torneiras secas e o Lago também. Agradecemos o comentário, pois este é um assunto que precisa da atenção e da participação de todos!

  • Reply
    Antônio Ribeiro
    24/06/2017 at 18:38

    Sempre tivemos períodos de estiagem em BSB, a umidade chegava a 9% em Agosto. Os períodos de estiagem tem se tornado mais longos,em decorrência de uma série de fatores,mas a falta de água é uma equação muito simples,que pode aplicar-se também às quedas de eletricidade,ou seja CEB e CAESB estão defasadas, surgiram cidades, samambaia,águas claras,itapoã,sol nascente, etc…que demandam energia e água.e estes orgãos não receberam o investimento devido. Muito menos houve qualquer planejamento. O Lago Paranoá vai continuar, a questão é se a mentalidade do Governo e da população vai continuar a mesma,e é por aí que escorre água.

    • Reply
      Marcia Zarur
      23/07/2017 at 20:25

      É verdade, faltam planejamento, investimentos e consciência no uso da água.

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