Convidado: Marcos Pinheiro é um brasiliense por adoção e roqueiro por devoção.
Brasília tem intensa relação com o rock, todos sabemos. Em meio a tantos artistas, shows, festivais e histórias, existem alguns “heróis”. Figuras que primam pelo talento artístico e/ou pelo esforço empreendedor. Um desses ilustres personagens é Philippe Seabra, 50 anos, norte-americano nascido em Washington D.C., um filho de diplomata que “adotou” a nossa cidade.
Como vocalista e guitarrista da Plebe Rude, ele ajudou a projetar Brasília no circuito nacional com letras de forte conteúdo político e social, várias delas escritas na adolescência. Após mudanças, a sua banda continua na ativa e lançou, na virada para 2015, o sexto álbum de estúdio, Nação daltônica.
Desde que voltou a morar por aqui, em 2000, Seabra investiu no estúdio caseiro Daybreak e passou a atuar também como produtor fonográfico e de shows, além de compor trilhas para filmes, como o premiado Faroeste Caboclo. Seu projeto mais recente é o resgate do Rock na Ciclovia, que ganhou nova versão no início de 2015.
Neste domingo, 2/7, será realizada a 17ª edição do evento, reunindo oito bandas autorais no Estacionamento 4 do Parque da Cidade: a partir das 12h30, se apresentarão, pela ordem e de graça, Transistorm, The Froidians, Napoleonic (banda australiana com um integrante daqui), DeLana, Cachimbó, Pollares, Toro e Lupa. Além de encontro de food trucks, saltos de bungee jump e espaço infantil.
De volta aos anos 1980
A ideia de Seabra foi retomar os primórdios do rock brasiliense, entre 1981 e 82, quando jovens bandas e artistas de rock e pop tocavam mensalmente, aos domingos e ao ar livre, na ciclovia do Lago Norte – entre eles, a Plebe Rude e o futuro ídolo Renato Russo em sua fase “trovador solitário” (foto de Edgar Cesar). “Era uma despretensiosa tentativa de mostrar a juventude da cidade, até então com poucas opções de lazer e menos ainda opções de representatividade dentro da capital federal, mergulhada na ditadura do governo Figueiredo”, lembra.
Foi no próprio Parque Vivencial do Lago Norte, onde existe a ciclovia, que ele deu início à nova fase do projeto, 33 anos depois. “A Capital do Rock tinha se tornado a capital do cover. Estava cansado de ver os artistas novos com dificuldade para encontrar espaço e público para apresentar os trabalhos autorais”, justifica. Com o apoio financeiro de food trucks e logístico da Administração do Lago Norte – e usando equipamentos do estúdio –, Seabra realizou quatro edições no local, mas logo esbarrou em questões burocráticas e precisou se mudar.
Itinerância
Já no segundo semestre de 2015, o Rock na Ciclovia foi para o Eixão Norte, na altura da Quadra 115. Pouco tempo antes, a Plebe Rude já havia utilizado a área para a gravação do videoclipe de Anos de luta, música do mais recente disco. Seabra gostou da experiência e passou a contar, desde então, com a preciosa parceria do produtor e músico Meolly Rony (ambos na foto de Lyanna Soares). Mas a pressão para que o evento terminasse até as 18h, antes que a via fosse liberada novamente aos carros, obrigou a uma nova troca de endereço. Em meados de 2016, o Estacionamento 4 do Parque da Cidade passou a ser o “point”, onde já ocorreram seis edições.
Como “plano B” em tempos de chuva, a produção conseguiu resgatar a antiga Concha Acústica, situada dentro do coberto Pavilhão de Exposições do Parque – mas a burocracia (novamente!) só permitiu que o evento rolasse por lá uma vez. O suficiente para contar com a presença do ator/cantor Bruce Gomlevsky (foto de Marcos Pinheiro), que há anos vem encarnando Renato Russo em musical de sucesso pelos palcos brasileiros.
As “dificuldades de negociação” também atrapalharam a edição passada, em abril, que faria parte das comemorações dos 57 anos de Brasília. O “Rock na Ciclovia” mudou duas vezes de data e de local – era para ser na área externa do Museu Nacional… e acabou mesmo no Parque!
Sobrevivência
Sem verba direta do GDF, nem financiamento do FAC, Fundo de Apoio à Cultura, mas com apoios importantes da Administração de Brasília e das Secretarias de Cultura e de Turismo – e parcerias com três emissoras locais de rádio, além do suporte financeiro dos food trucks –, o “Rock na Ciclovia” já reuniu quase 70 bandas/artistas diferentes em mais de dois anos.
E promete perdurar, mesmo sem frequência fixa. Pode ser quinzenal, mensal, bimestral ou semestral. O importante ali é manter acesa a chama do rock e garantir espaço às novas bandas autorais – com “concessão”, vez ou outra, aos “covers”. Enquanto isso, Philippe Seabra se reveza como investidor, produtor, curador, apresentador e (até) músico em seu projeto, assumindo despretensiosamente a bateria em apresentações esporádicas. Tudo em nome da diversão!
Vale olhar:
Rock na Ciclovia – 17ª edição
Domingo, 2 de julho, das 11h às 20h, no estacionamento 4 do Parque da Cidade
Shows, a partir das 12h30, com Transistorm (DF), The Froidians (DF), Napoleonic (Austrália), DeLana (DF), Cachimbó (DF), Pollares (DF), Toro (DF) e Lupa (DF)
E mais: food trucks, bungee jump e espaço infantil
Entrada: franca e classificação livre
Informações: http://www.facebook.com/events/324032864696410
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