Hoje é: quinta, 12 de dezembro de 2024
Olhar Brasília
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Samanta Sallum

Cidade arco-íris

Eu amo Brasília, mas, sim, às vezes, me envergonho de coisas que acontecem por aqui. A capital é vanguarda em tantas coisas, da arquitetura ao respeito à faixa de pedestres. Daqui, deveriam partir exemplos a serem ecoados por todo o país. Mas anda fazendo feio. Minha vergonha por Brasília agora é com a atitude retrógrada, que nada combina com uma cidade futurista, que deveria estar pautada em tolerância e respeito. A Câmara Legislativa anulou, na semana passada, a chamada lei anti-homofobia.

Isso é aclamar o preconceito, incitar agressões, um desrespeito aos direitos humanos. A bancada evangélica na Câmara Legislativa alegou seus princípios religiosos para derrubar a lei, que punia atos de preconceito, discriminação e agressão contra o segmento LGBT.

Eu não tenho preconceito nem com gays nem com evangélicos. Também não acho correto quando vejo certo deboche e críticas aos evangélicos. Quando desferem contra o segmento definições como fanáticos de igrejas exploradoras do bolso de seus fiéis. Não se pode generalizar.

Tenho amigos nos dois universos: No LGBT e no evangélico. E os meus amigos evangélicos não comungam da ideia de que se deva discriminar os homossexuais. Inclusive tenho amigos evangélicos que são amigos de gays. E eles não são menos evangélicos por isso.

Quando se anula uma lei como essa, se passa a ideia de que se pode, sim, cometer violência. Há quem diga que já há leis suficientes para proteger o cidadão. Mas são necessárias, sim, leis que protejam os grupos vulneráveis, como temos a Lei Maria da Penha para as mulheres.

A cidade que eu amo, a minha cidade, é a do arco-íris. É a da parada do orgulho gay que, há 1 semana, reuniu 15 mil pessoas na Esplanada.

O Estado é laico, não se pode misturar à religião. Se a intolerância vale para um, então passa a valer para o outro também. E, assim, apenas acirramos a convivência. Discordar é uma coisa. Banir é outra. É possível discordar de algo e conviver com isso.

Não podemos permitir que o estranhamento, causado por aquilo que nos é diferente, se converta em violência e hostilidade.

Uma chacota, uma piada que seja, pode, sim, ser muito agressiva. Os índices de violência contra a comunidade LGBT são alarmantes. Um evangélico de coração, e não de tese, um ser que é cristão, eu posso dizer que sou cristã, respeita qualquer outro ser humano.

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