Dedicar-se a uma causa cansa! Ainda mais quando essa causa é do tamanho de uma cidade e quando o amor por ela ultrapassa as linhas do Plano Piloto e abarca preocupações que englobam todo o Distrito Federal.
Mas há pessoas incansáveis – ainda bem! Gente que doa parte do seu tempo e emprega seu valioso conhecimento para defender Brasília. A cidade, que há 30 anos figura na lista da UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, vive ameaçada.
De tempos em tempos, surgem propostas para dar uma mãozinha à gula da especulação imobiliária. Meio metro a mais de construção, mais alguns quilômetros de asfalto, e assim vai indo embora o nosso verde, e assim vamos perdendo nossa qualidade de vida.
Nessa hora, não basta gritar pra afastar a fera, é preciso ter solidez nos argumentos e conhecimento técnico pra desarmar as arapucas que vão roubando a Brasília que conhecemos, planejada com maestria por Lucio Costa e que conseguiu unir gênios numa empreitada vitoriosa.
Por sorte, Brasília tem esse timaço que se dedica de corpo e alma a essa causa. Parte dele se reúne no Instituto Histórico e Geográfico do DF. São arquitetos, urbanistas, ex-superintendentes do Iphan, ex-ministros, integrantes de conselhos comunitários, todos moradores que vivenciam a cidade e prestam atenção aos detalhes. Muitos estão aposentados, mas continuam na ativa quando o assunto é a defesa de Brasília.
Além do trabalho de manterem a memória da cidade viva, os integrantes do instituto não descuidam do presente. Lei dos Puxadinhos, Luos, RUVs, Parcerias Público-Privadas dentro da área tombada… Os técnicos acompanham todos esses assuntos com preocupações, sugestões e opiniões fundamentadas, mas se ressentem por não conseguirem serem ouvidos pelo governador.
Há 1 ano, as entidades de defesa do patrimônio tombado de Brasília, como o Conbras (Conselho de Preservação de Brasília), que reúne 20 membros, esperam uma resposta para o pedido de audiência com Rodrigo Rollemberg. Então nós, do Olhar Brasília, engrossamos o coro: governador, receba esses notáveis, porque, certamente, eles têm muito a dizer, e quem ganha com essa contribuição é a nossa cidade!
Museu
O IHG-DF, que existe há mais de 50 anos, funciona num prédio na 703 Sul que abriga um pequeno museu. Lá, o visitante pode ver um dos baús usados na Missão Cruls, que mais de um século atrás demarcou o território onde seria construída a nova capital. Estão expostos desde fotos e documentos, que contam a saga de erguer a cidade no meio do Cerrado, até o Jeep de Israel Pinheiro, que levava JK aos acampamentos dos candangos.
“O museu recebe semanalmente centenas de alunos de escolas públicas, em parceria com a Secretaria de Educação, que saem daqui valorizando a cidade em que vivem”, conta Vera Ramos, presidente do IHG-DF. “É preciso levar às novas gerações a história da nossa cidade, porque quando se conhece é que se compreende a necessidade de cuidar bem dela. O instituto investe em educação patrimonial há mais de 20 anos, com muito orgulho, pra que esses jovens sejam cidadãos conscientes no futuro.”
Conheça os integrantes do Conbras:
Vera Ramos -IHG-DF e Presidente do Conbras, Danton Eifler Nogueira -IHG-DF, Aldo Paviani -IHG-DF, Cláudio Queiroz -IHG-DF, Eugênio Giovenardi -IHG-DF, Osmar Alves de Melo -IHG-DF, Paulo Castelo Branco -IHG-DF, Roberto Castello -IHG-DF, Carlos Castro Brandão -IHG-DF, Tânia Battella -IHG-DF e Instituto Pactos de Desenvolvimento Regional Sustentável, Heliete Bastos – Frente Comunitária do Sítio Histórico de Brasília e Distrito Federal, José Daldegan Júnior – Presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul -CCAS, Maria das Graças Moreira – Vice-Presidente do Conselho Comunitário da Asa Norte -CCAN, Elber Barbosa – Conselho Comunitário do Setor Sudoeste -CCSW, Fernando Lopes – Associação Parque das Sucupiras, Madalena Rodrigues – Associação Parque das Sucupiras, Flávia Portela – Prefeitura do Setor de Diversão Sul.
3 Comentários
Roberto Castello
03/07/2017 at 18:42Obrigado pela objetividade em falar da trincheira que é o IHG-DF
contra a especulação imobiliária e o desvirtuamento do plano original de brasília.
Eugênio
05/07/2017 at 13:07Dá-me imensa vontade de fazer algo que dignfiique os habitantes de Brasília respeitando a biodiversidade do nosso bioma. Parabéns a essas meninas valentes.
Alan Marques
06/07/2017 at 11:17Não conhecia!
Obrigado!