Esses dias, o meu amigo Marcello Linhos publicou uma frase nas redes sociais que traduz muito o que eu penso: na base da pirâmide do que nos falta de educação está a capacidade de ouvir. Como ele tem razão!
O Olhar Brasília levantou a discussão sobre a Lei do Silêncio, falando dos excessos cometidos pelo Na Praia, que vem incomodando moradores da Vila Planalto e do Lago Sul. Logo a discussão ganhou corpo nas redes e o tom tende a ser radical dos dois lados. Há tempos ando impressionada com a incapacidade de diálogo.
Cada vez nos fechamos mais e mais nas nossas próprias convicções e nos juntamos a quem pensa igual. O contraditório, que é o ingrediente mais rico para a reflexão, está sendo abandonado. E quando você junta a internet nessa receita, parece que o bolo desanda de vez.
A meu ver é um fenômeno parecido com o que acontece no trânsito. Muita gente de bem se transfigura atrás do volante e usa o carro como arma. Se falta gentileza na selvageria das ruas, o que dizer das redes sociais?
Muitas pessoas estão lá pra gritar seu ponto de vista e passar por cima de qualquer um que tenha uma opinião divergente. E aí volto à questão da educação, ou da falta dela. Há infinitas maneiras de dizer algo a alguém, mas parece que vivemos mesmo no “país da delicadeza perdida” e quanto mais rude você for, melhor… Socorro!!! Mais tolerância, por favor!
Mas voltando à Lei do Silêncio, quem tem razão? Desculpe, mas neste caso não tenho como tomar partido. Pra mim, é o tipo de impasse em que os dois lados estão certos!
É preciso ter arte e diversão senão a cidade morre. Cultura é alimento imprescindível, que nos faz melhores, educa e instiga. O que seria de nós sem a música, por exemplo. E Brasília tem belíssimos exemplos de sons da melhor qualidade, do rock ao choro, com expoentes admirados no país inteiro.
Por outro lado, os moradores têm direito ao descanso. Quem trabalha duro precisa de tranquilidade para repor as energias numa boa noite de sono. Nada agradável querer descansar com zoeira embaixo da janela, como se a festa ocorresse dentro da sala da sua casa.
Então, a saída é flexibilizar um pouco daqui e outro tanto de lá. Que tal discutir maneiras de isolar acusticamente os locais que têm música? Impostos diferenciados pros estabelecimentos que investirem nisso? E quem sabe regras diferentes para dias da semana? Decibéis mais baixos nos dias de trabalho e um pouco mais de paciência dos moradores nos fins de semana?
Será que é mesmo impossível chegar a um meio-termo?
O problema é que esse “meio-termo” exige conversa e todo mundo vai ter que abrir mão de alguma coisa. Mas, normalmente, quem se esconde atrás do computador ou do smartphone pra bradar verdades incontestáveis não está preocupado com o outro e muito menos disposto a conversar. E vamos assim nos afastando da solução possível e nos fechando em monólogos e ilhas de opiniões resistentes e capengas.
PS: Pra minha alegria, no último post do Olhar Brasília nas redes sociais sobre esse tema, o debate foi de ideias e, até onde acompanhei, todos mantiveram o alto nível nas colocações. Eu só posso aplaudir e torcer pra que sirva de exemplo em discussões futuras… 🙂
5 Comentários
Sandra Beatriz
24/08/2017 at 06:50Excelente. Um pouco de civilidade para apaziguar os ânimos e construir soluções.
Sandra Beatriz
24/08/2017 at 06:52Excelente. Um pouco de civilidade para apaziguar os ânimos e construir soluções!
Marcia Zarur
28/08/2017 at 13:10🙂
DANIELA S SIQUEIRA
24/08/2017 at 09:33inquestinonável seu post de hoje. Com certeza, as pessoas precisam se colocar no lugar do outro e serem mais aberta para o dialogo que pra mim no fim todos ganham. CONVERSA.
Marcia Zarur
28/08/2017 at 13:10Com certeza!!! Está faltando conversa.