Convidado: Tancredo Maia Filho, 70 anos, acreano, brasiliense, por opção, desde 1963. Arquiteto e observador de aves com 660 aves brasileiras registradas.
Todo ano, em meados de abril, Brasília recebe um visitante especial que fica entre nós até o mês de setembro.
Brasília, com suas belezas e encantos, recebe inúmeros visitantes. Uns ilustres, outros nem tantos. Mas tem um que, além de ilustre, é especial. Todo ano, chega, invariavelmente, em meados de abril. Seu GPS funciona melhor do que os que usamos nos nossos carros e que, às vezes, nos mandam para lugares bastante estapafúrdios e perigosos. Nosso visitante liga o seu orientador no sul da Argentina quando os ventos frios da Antártica começam a chegar ali. Depois de 3.000km, vencidos em cinco ou seis dias, pousa, na mesma árvore, às margens da lagoa do Parque da Cidade.
Sim, pousa, pois nosso visitante especial é uma ave; uma pequena ave que mede entre 13cm e 14cm e pesa entre 11g e 14g.
É o Príncipe, também chamado de “são-joãozinho” no Pantanal, de “sangue-de-boi” no sul do Brasil, assim como “verão” no extremo sul do Brasil, “mãe-do-sol” (interior de São Paulo) e “coração-de-boi” em algumas cidades de Minas Gerais.
Entre os passarinheiros do grupo OBSERVAVES – Observadores de Aves do Planalto Central, é conhecido como Sua Alteza, o Príncipe Pyrocephalus rubinus. Seu nome científico significa, do grego, purrhos = cor da chama, vermelho intenso; e kephalos = com a cabeça, cabeça; e, do latim, rubeus, rubinus = da cor do rubi, vermelho. (Ave) com a cabeça colorida como um rubi ou (ave) com a cabeça da cor vermelha intensa como a chama, ou ainda cabeça de fogo rubi.
O macho chega com a cor bastante esmaecida, cinza-desbotado com poucas pintas vermelhas. Dizem os mais entendidos que é coloração de descanso reprodutivo. Poucos meses depois da chegada, Sua Alteza começa a adquirir a plumagem de reprodução com a qual voltará para a Argentina para o ritual de acasalamento, confecção do ninho, incubação dos ovos e a certeza da preservação da espécie.
Antes de voltar, o Príncipe brinda os observadores de aves e os amantes da natureza com o vermelho vivo da barriga, pescoço e cabeça que contrasta com o dorso escuro; atrás dos olhos, uma linha escura reforça o contraste e torna-o único.
Ainda em setembro, com a mesma precisão da chegada, o príncipe volta às terras argentinas.
Hasta la vista, Alteza.
4 Comentários
Sandra Beatriz
08/09/2017 at 07:46Linda visita que Brasília recebe todos os anos!
Olívia Maria Maia
08/09/2017 at 08:41Que visitante ilustre! Adorei a visita.
Maria de Lourdes
09/09/2017 at 13:45Parabéns, por este trabalho inigualável.
Sou uma profunda admiradora desta cidade tão bela. Cidade incomparável.
Um belíssimo trabalho de vocês, que tanto alegra o meu coração.
Sinto-me privilegiada de fazer parte desta cidade maravilhosa chamada Brasília, e principalmente dos variados passaros aqui existestes. Raras belezas que só existem aqui em Brasília.
Carlos Goulart
11/09/2017 at 08:19Mestre Tancredo,
sempre nos brinda com sua sensibilidade e conhecimento!!!
Maravilha postar para as pessoas, detalhes que muitas vezes está do nosso lado e não percebemos.
Parabéns pelo incansável trabalho!!!