Por Samanta Sallum
Um dos lugares que eu achava mais interessantes de Brasília, que nos tirava do óbvio, lançando um olhar criativo, ousado e inovador para o nosso cenário cultural, vai encerrar as atividades no fim de novembro.
Em tempos de Teatro Nacional fechado, o espaço serviu de palco para companhias de dança locais mostrarem todo o seu talento.
Era um lugar que eu frequentava e me fazia sentir tão cool e cult como se estivesse num daqueles galpões culturais de Nova York ou São Paulo.
Levei vários amigos lá para conhecer que nem sabiam de sua existência no Setor de Oficinas Norte. E adoraram. Pena que outros não vão nem chegar a conhecer…
Por lá passaram, nos últimos três anos, espetáculos de dança, festas, teatro e vários eventos. Também funcionava como escola de circo, acrobacia, malabares, pole dance, expressão corporal.
Para quem não sabe, a capital tem companhias de dança fantásticas, como a Duo, do premiado coreógrafo Rodrigo Meno Barreto, e a Nostalgique Cabaret, que estrelavam os palcos do Usina.
A Nostalgique dava a marca sensualmente ousada ao Usina, com o seu lindo time de dançarinas e dançarinos acrobatas. Muita técnica, arrojo físico e sensualidade, ora ingênua, ora provocativa, mas, sim, inseridos num contexto artístico que hipnotizava olhares masculinos e femininos.”
O fim do Usina é uma perda para a cidade. A crise econômica não poupou o lugar. A falta de patrocínios e o reflexo da crise no público estão fazendo o projeto do Usina se encerrar.
Mas há um outro fator também. Brasília desconhece o que é produzido aqui. E ainda há aquele comportamento de não valorizar muito as produções locais.
O fundador do Usina, o coreógrafo, diretor e produtor cultural Giovane Aguiar, 47, é brasiliense e ama muito o nosso quadradinho. “Eu não abri esse espaço para mim, abri para a cidade. Nasceu como um centro de arte para oferecer formação artística e entretenimento.”
Apesar de ter de fechar as portas do Usina, Giovane vê a cidade como um espaço de oportunidades. “Nesse período de funcionamento, realizamos mais do que imaginávamos. Brasília ainda tem espaço para experimentação que em outras cidades não há mais.”
Quem conheceu, conheceu. Quem não conheceu, perdeu! Ah, dá tempo, sim! Tem programação no próximo sábado. O Fest Pole, às 21h, com entrada franca.
2 Comentários
Rosana Tonetti
03/11/2017 at 16:39Lamentável o brasiliense não dar valor aos espaços artísticos e culturais da cidade. Brasília é (sem a intenção de parodiar o lugar) uma usina de talentos! Quantas bandas, artistas e grupos teatrais nasceram na capital federal e se lançaram no cenário nacional? Cássia Eller, Renato Russo, Juliano Cazarré, Melhores do Mundo, Capital Inicial, apenas para citar alguns. Não se pode e nem se deve ficar olhando o que há , de melhor (e nem sempre tão bom) nas megalópoles. É preciso valorizar o que está ao alcance dos olhos para, depois, fazer crescer aos olhos do Brasil, do mundo….
Rosana Tonetti
03/11/2017 at 16:41Lamentável o brasiliense não dar valor aos espaços artísticos e culturais da cidade. Brasília é (sem a intenção de parodiar o lugar) uma usina de talentos! Quantas bandas, artistas e grupos teatrais nasceram na capital federal e se lançaram no cenário nacional? Cássia Eller, Renato Russo, Juliano Cazarré, Melhores do Mundo, Capital Inicial, apenas para citar alguns. Não se pode e nem se deve ficar olhando o que há de melhor (e nem sempre tão bom) nas megalópoles. É preciso valorizar o que está ao alcance dos olhos para, depois, fazer crescer aos olhos do Brasil, do mundo….