Por Samanta Sallum
Aqui falamos de experiências realmente bem vivenciadas. Falamos do que vimos, do que provamos, do que sentimos. Balanço do jantar no recém-lançado, badalado antes mesmo de abrir, Restaurante Lago, do chef Marcelo Petrarca: contraste entre pontos altos e baixos. Resultado: um bocadinho de decepção.
O que não significa que tenha sido ruim, mas o que me foi servido ficou aquém da expectativa. Não teve como não reparar em certos pecadinhos do restaurante, mas, sim, teve seus pontos altos. Na onda do sucesso do Bloco C, concorridíssimo e quase impossível sem reserva, o chef Petrarca ampliou seu serviço para o Lago, na QI 05 do Lago Sul.
Amigas combinaram uma confraternização lá e fui. Era noite de segunda-feira e o restaurante, que abriu no sábado passado (16/12), estava cheio. O efeito novidade e curiosidade não só levou minhas amigas lá, como várias outras pessoas. Fui a primeira a chegar e gostei muito do ambiente. Tive ótima impressão.
Como fui a primeira a chegar, e me sentei sozinha numa mesa para oito pessoas, tive tempo para contemplar os detalhes do local. Eu até gosto destes minutinhos “alone”. Como um amigo meu, também geminiano, diz: nós nunca estamos sozinhos, estamos sempre em companhia do nosso “outro”, porque a gente conversa com a gente mesmo.
Mas, enfim, como pontos altos considero o ambiente, a iluminação, a decoração, o salão amplo, o espaçamento das mesas (não é aquela coisa amontoada, a gente consegue ter o mínimo de privacidade), a boa acústica, pois, apesar de cheio, não fazia aquele zun-zun chato de conversas misturadas que nos obrigam a falar alto. Tem também a opção de se sentar nas bancadas, no charmoso balcão; e tem uma parede-adega linda com rótulos de excelentes vinhos.
Pontos baixos: a demora no serviço, mas não faltou simpatia no atendimento. Houve a tentativa de compensar a longa espera com drinks de cortesia. Mas o drink sugerido, o Flamingo, não agradou ao gosto nem das mulheres que apreciam bebidas mais adocicadas. O gosto era de pirulito derretido. Ah! Mas eu tive uma boa surpresa no meu Dry Martine . Saiu do óbvio, do previsível. Vem acompanhado de uma pequena porção de azeitonas variadas e pequenas cebolas de conserva para degustar o drink. Adorei esse plus.
Sim, vamos ao que mais interessa. Os pratos! O cardápio do almoço encheu os olhos de todos na mesa. Parecia mais atraente que o do jantar. Mas a escolha teve de ser feita conforme as opções da noite. Eu escolhi o
Filé Wellington – um tradicional prato inglês em que a carne é envelopada com presunto de parma numa massa de croissant.
O filé estava, digamos, médio… Não estava suculento e a massa não estava crocante. Estava meio mole. Não é uma receita fácil exatamente por causa do ponto da massa e do ponto da carne. Não que eu seja uma expert nesse prato. Conto apenas aqui a minha opinião, de quem frequenta muitos restaurantes na cidade. O molho meio assim, assim… Regular. E a tal da “batata do chef”, um purê, não pegou a consistência cremosa e logo “chicletou”.
Um dos pecados do restaurante é os garçons não saberem passar informações gerais sobre os pratos, sobre os ingredientes. Precisavam consultar alguém e demoravam a vir com a resposta. Não culpo de forma alguma os garçons. E é uma falha recorrente em restaurantes. Mostra certa falta de treinamento por parte da gerência. No caso do Lago, parece que a pressa de se inaugurar o restaurante refletiu em pouco tempo de orientação ao estafe. O que, com certeza, pode ser ajustado em breve.
A posta de bacalhau acompanhada de lâminas de pera agradou muito. Já o polvo sofreu reclamações por ser uma porção muito pequena. Nas sobremesas, a boa surpresa mais uma vez veio no que poderia parecer mais do mesmo: o bolo de chocolate com calda de brigadeiro. O simples, com toque especial que faz algo tão comum se tornar especial. O bolo venceu os profiteroles (que não vêm com calda) e a rabanada de leite ninho na mesa. O bolo veio quentinho, macio e com a calda derretendo. Delícia!! Registro também simpatia e a visita do chef Petrarca ao salão.
Um drink, duas águas, o prato principal e a sobremesa sairam por cerca de R$ 150. Sim, alguns pecadinhos podem estar na conta do pouco tempo da casa. Para isso, existe o “soft open”, em que a restaurante abre, mas em fase de teste e degustação exatamente para treinar estafe e deixar tudo bem azeitado. Se eu estiver com aquelaaaaa fomeeeee, acho que não vou lá para jantar. Se estiver com “fominha”, voltarei, sim, com prazer, para curtir o ambiente, degustar o Dry Martine e experimentar um outro prato. Depende da vibe do dia. Mas ainda rola um almocinho …
Um comentário
Mariana
05/02/2018 at 16:01Adorei a sinceridade a riqueza dos detalhes!! Parabéns pelo trabalho! É difícil encontrar resenhas tão completas assim