O artista, que é a cara de Brasília, completaria 100 anos em 2018. Athos Bulcão está nas cores e formas inconfundíveis, na união harmoniosa entre arte e arquitetura e nos painéis de azulejos, que mostram como as artes plásticas podem ficar perfeitamente integradas à nossa paisagem.
Uma grande mostra, com a diversidade desse talento único, vai celebrar a vida e a obra de Athos Bulcão. Com curadoria de Marília Panitz e André Severo, a exposição vai além da azulejaria, e convida o visitante a um passeio por desenhos, pinturas, fotomontagens, cenários e figurinos…
São mais de 300 trabalhos, a maioria do acervo da Fundação Athos Bulcão. Um amplo panorama que inclui a produção que vai de 1940 a 2005. Serão apresentados também trabalhos de artistas que conviveram diretamente com Athos, e obras dos mais jovens, muitos nascidos em Brasília, que reconhecem a influência do mestre.
A exposição é dividida em 8 núcleos, que vão do figurativo ao geométrico, passando por todas as fases e múltiplas habilidades de Athos. Os curadores procuraram combinar a cronologia e os temas, e chamam a atenção para aspectos menos conhecidos do trabalho do artista.
“A série dos carnavais e sua relação com a pintura sacra é extraordinária”, atesta a curadora Marília Panitz. Ela destaca que Athos utilizou uma mesma estrutura para compor trabalhos que retratam o sagrado e o profano. Um exemplo é A Vida de Nossa Senhora, que está na Catedral de Brasília
Ao longo de toda a mostra o visitante vai ter a chance também de observar a reprodução de alguns dos relevos acústicos que foram desenvolvidos pelo artista, assim como divisórias usadas em prédios públicos. E na área externa, três cubos com faces verticais revestidas de doze padrões de azulejos, realizados em construções espalhadas por diversas cidades do Brasil e do mundo.
Além do legado precioso deixado por Athos Bulcão, a exposição quer mostrar o caminho que ele percorreu no Brasil e no exterior, desde sua inspiração inicial pela azulejaria portuguesa, seu aprendizado sobre utilização das cores, quando foi assistente de Portinari, até as duradouras e geniais parcerias com Niemeyer e João Filgueiras Lima, o Lelé.
Valéria Cabral, diretora executiva da FundAthos, e uma guerreira pela preservação da memória e da história do artista, comemora a possibilidade de montar a exposição que, depois de Brasília, será exibida também em Belo Horizonte, Rio e São Paulo.
“É sempre uma alegria homenagear o talento desse homem discreto, preocupado especialmente em harmonizar e compor o trabalho do arquiteto na integração de sua arte, mas que também se engrandece quando envolvido em telas, tintas e pincéis, produzindo um dos mais destacados repertórios da arte brasileira”, destaca Valéria.
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