Convidado: Max Maciel, 35 anos, é coordenador da RUAS – Rede Urbana de Ações Socioculturais. Ele é cria de Ceilândia e levanta a voz para defender a cidade de artistas, trabalhadores, da síntese brasileira, onde bate um coração tão nordestino da nossa capital.
Já dizia Carlos Drummond de Andrade:
“Por que Ceilândia fere o majestoso orgulho da flórea Capital?
E aí, por quê?
46 anos, fruto de uma campanha de invasões onde, na verdade, ninguém invadiu nada, apenas ajudou esta capital estar de pé. De Cei brota e é impulsionada a cultura nordestina e urbana, uma bela síntese do repente com as rimas e poesias nos saraus e batalhas, da xilogravura para as paredes coloridas do grafite. Das rodas de forró ao break, o samba, o reggae e o rock fazem uma mistura única.
Essa Ceilândia, que manda artista para o mundo todo, maior mercado consumidor do Centro-Oeste, polo industrial, ainda vive na sombra do Plano Piloto, como se fosse de cidade dormitório.
Já analisou a forma como você conheceu Ceilândia?! Na mídia, ainda como violenta, ou no comércio local de coisas em conta, por exemplo? Mas por que essas energia e produção tecnológica e social não são vistas?! Onde tá a venda que impede de ver a obra de Oscar Niemeyer, almoçar na feira, visitar o Museu Vivo da Memória Candanga, visitar a Praça do Cidadão, o Sarau da Praça da Bíblia, registrar uma foto na Caixa D’Água?
Minha Quebrada é filha e mãe de muitas cidades. Somos mais de 600 mil habitantes sob olhar ainda assustado quando chegamos ao chamado “centro”.
A forma como a cidade se desenhou nos distanciou, mas não nos separou.
Somos do mesmo quadradinho, esperando uma visita sua, um rolê pelas quadras e espaços. Uma mão, não de menosprezo, mas de vir junto na lutar por um lugar melhor.
De nossas terras, brotam os olhares mais sinceros de Brasília: com a certeza de que podemos ser uma cidade verdadeiramente unida, mais igual, plural, diversa e justa!
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