Sim, o aeroporto de Brasília já teve um pátio aberto, sem fingers, esteiras rolantes e as parafernálias modernas que nos deixaram mais distantes uns dos outros.
Antigamente, famílias inteiras iam ao aeroporto pra se despedir de quem viajava. E era uma delícia ficar na mureta dando tchau, enquanto o viajante subia a escadinha e se despedia, antes de entrar no avião. Aeroporto era programa, mesmo que fosse só pra ver os aviões chegando e partindo. Você se lembra?
Resolvi escrever sobre isso porque esta semana recebi, de várias pessoas diferentes, uma série de fotos antigas de Brasília. Se você não recebeu, compartilho algumas também por aqui.
A filha de uma amiga, que só tem 11 anos, viu as fotos e perguntou: mas cadê a piscina de ondas? Engraçado, que ela nem viveu a época, mas guarda a memória dos pontos marcantes da cidade pelo relato dos pais e dos avós.
Quem descreve aquela Brasília fala sempre com tanta emoção, que acaba contagiando os mais novos. De certa forma, é o orgulho de ser brasiliense, passando de geração para geração. É também a forma mais eficiente de guardar a memória dessa linda jovem cidade.
A página Histórias de Brasília, de João Carlos Amador, resgata muito desse passado e faz a gente voltar no tempo. Eu tomei a liberdade de pegar emprestadas algumas “relíquias” da página, que fizeram parte da minha vida candanga.
Nely – a ‘elefanta’ símbolo do Zoológico
Desde muito pequena me lembro da Nely. Era o bicho que a gente mais gostava de ver quando ia ao Zoológico. E uma das minhas maiores frustrações de infância foi ter perdido o passeio de elefante, nas costas da Nely, na festa de abertura do supermercado Jumbo, no Gilberto Salomão.
W3 – tudo passava por ali
A avenida mais charmosa da minha infância era o endereço das lojas onde comprava-se de tudo. Fofi, Bibabô, Pioneira da Borracha. Almoço chique era no Roma… Com sorte parávamos na Vovó Vita, na comercial da 305 sul, pra um salgado com guaraná Antártica caçulinha. Estudei muito na Biblioteca Demonstrativa, que na época se chamava INL – Instituto Nacional do Livro. Vi peças de teatro no Galpão/Galpãozinho e no Teatro da Escola Parque. E aprendi a andar de ônibus na avenida, pegando o Grande Circular.
Parque da Cidade – e o parquinho Ana Lídia
Se a Piscina de Ondas, lembrada por quem nem a conheceu, não fazia parte da minha rotina, o Parquinho Ana Lídia era parada obrigatória quase todo fim de semana. O Foguete já estava la e, desde então, era a principal vedete entre os brinquedos. Pipoca, algodão doce e muito pique pra brincar como se não houvesse amanhã. Isso foi numa época em que o Parque da Cidade se chamava Rogério Pithon Farias…
Cinemas antigos
Sempre tive paixão por cinema! Já escrevi aqui sobre as antigas salas de cinema da cidade. Era uma alegria ver filmes no Atlântida, Cine Karim, Cine Marcia, Karim Criança e Drive-in. Era no Drive-in que eles instalavam umas mesinhas na janela do carro pra servir o lanche. No Truc´s da 108 Sul também. Se você não quisesse sair do carro, eles ofereciam o crepe macaquito e os sanduíches nesse esquema “moderno”.
Zoom – a boate mais badalada
Eu não perdia as matinês da Zoom aos domingos. Se o Gilberto Salomão já era o point dos jovens, a boate era o lugar de encontro e de paquera na década de 80. O melhor do rock nacional , “somos tão jovens…”, e na saída, o churrasquinho no Pettit Grill.
São só algumas das muitas lembranças dessa Brasília das antigas. Uma cidade que tem muita história pra contar. Já tem gerações de nascidos aqui. Tem cara, tem povo, tem identidade, tem memória, tem orgulho e tem coração.
Se perdemos em qualidade de vida, e sentimos falta dessa Brasília que não volta mais, nos cabe pensar o futuro e garantir uma cidade acolhedora e amigável para nossos filhos e netos. Uma cidade que também deixe essa saudadezinha boa que a Brasília da minha infância deixou.
16 Comentários
Rosa Varella
18/01/2018 at 11:44Que legal!
Recordar é viver!!!
Marcia Zarur
18/01/2018 at 21:36Isso! Recordar é viver!! Bom demais quando as recordações são tão boas. Beijos
joao massao suguiura
18/01/2018 at 21:35as memorias do passado, suas grandiosidade
Naldo Júnior
18/01/2018 at 22:31Marcinha, quando criança ia muito ao aeroporto com meus pais.. Lembra do quiosque da Kibom que ficava lá na parte de cima, ali mesmo no pátio? Era do meu tio! Se eu achar envio no bate papo do Face pra você!!! Sensacional o post bjs
Gabriel Fabrika
19/01/2018 at 00:13Muito bom Márcia! Eu ainda morava no Gama quando criança e fazia meus pais levarem eu e meu irmão no aeroporto. E claro rolava aquele sonho, “quero ser piloto” “não, eu vou ser o moço das malas” “eu vou ficar fazendo sinal pro avião parar”. Que época boa…
TANCREDO MAIA FILHO
19/01/2018 at 12:43Márcia, sempre bom ver ou rever Brasília pelo seu olharbrasilia.
Repassar pela W3 sul dos anos 60/70 com a Bi-Ba-Bô, Fofo, Caravelle, agência da Vasp, onde comprava passagens para ir de DC-3 para a distante Rio Branco, em voo de dois dias. Sim dois dias de viagem de avião. Hoje, se faz em três dias de carro.
Bons tempos! E o futuro pode ser melhor, se cuidarmos para que tal aconteça.
Parabéns!
Cláudio Ferreira
19/01/2018 at 15:05A gente ia ao terraço do Aeroporto para ver as pessoas conhecidas embarcando ou desembarcando. Bons tempos!
Jorge Oliveira
21/01/2018 at 19:42Eu sou um saudosista amante da antiga Brasília e que vê crescendo a ojeriza por essa nova Brasília: uma cidade violenta, de trânsito intenso, de asfalto ruim, de poucos estacionamentos, sem segurança, jogada às traças. A Brasília que eu queria para minhas filhas ficou no passado. Essa não me diz nada.
Ruben Martins
22/01/2018 at 02:58Eu vi o Plano-Piloto pela primeira vez do fundo de uma RURAL.Tive uma visão geral de Brasília na saída sul do aeroporto entre o Catetinho e o Hotel Guarapari que já não existe mais.Tenho somente duas lembranças,esta e da Catedral que ainda não estava pintada de branco.Acredito que tenha sido em 1969 ou 1970 quando eu tinha 4/5 anos de idade.
Marcela Mihessen
01/02/2018 at 09:52Marciaaaa! Quando eu voltei de intercâmbio, em 1996, meus amigos estavam me aguardando nesse pátio aberto! Me lembro saindo do avião, pela escala, e aquela farra lá em cima! Que lembrança boa!!! Queria ter fotos desse dia!! Amei a reportagem!
Cristina carfi
07/07/2019 at 10:49Morei em Brasília e cheguei na cidade 2 dias antes da morte de JK, foi uma emoção ver o corpo passar em frente ao Hangar da Transbrasil com centenas de pessoas o acompanhando.Em 1976, morando no meu mundinho de SP, nem sabia que era tão amado. Aprendi isso é mais muitas coisas em Brasilia, cidade que amo.
Marcia Zarur
18/09/2019 at 12:43Perfeito! 🙂
Cristina carfi
07/07/2019 at 12:30Márcia, cheguei em Brasilia 2 dias depois da morte de JK, no dia em que seu corpo chegou ao aeroporto de Brasília, estava no Hangar da Transbrasil e vi centenas de pessoas acompanhando o féretro a pé e de carro. Este fato me marcou muito, pois quem mora fora de Brasilia, não sabe a importância que ele teve para a cidade e para o Brasil, e também se sabe não dá o devido valor. Foi emocionante. Amo esta cidade na qual meus filhos nasceram. Sei que hj muita coisa mudou, mas sinto uma nostalgia imensa e quando vou para aí, me sinto super bem. Cidade linda.
Marcia Zarur
18/09/2019 at 12:42Que lindo relato! Deve ter sido uma emoção indescritível a cena do cortejo a JK.
luciano drumond
17/06/2020 at 11:02Márcia, sempre te acompanhei, desde a Centopeia no sudoeste. Seu trabalho na TV é sensacional, uma riqueza. Agora esse Olhar Brasilia é ainda mais enriquecedor para os amantes de Brasilia. Parabéns!!!!
Marcia Zarur
25/06/2020 at 11:32Muito obrigada pelo carinho. Falar de Brasília é uma das minhas grandes paixões!