E, mais uma vez, a cidade inteira é jogada no ralo do país. “Brasília não presta”, diz a nota veiculada, esta semana, numa revista de grande circulação nacional. A nota é sobre política. A personagem é a deputada federal Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, que foi indicada para ser nova ministra do Trabalho pelo presidente Temer, mas não consegue tomar posse.
O que a cidade tem a ver com isso? Cristiane Brasil representa Brasília ou o Rio de Janeiro? Foi eleita por quem? O Temer nasceu em que cidade? São Paulo. Se querem criticar essas pessoas, critiquem a elas diretamente e não a nossa cidade. Se querem criticar os políticos, não o façam xingando a nossa cidade.
Eduardo Cunha, por exemplo, veio de onde? Os políticos brotam da terra em Brasília? Aqui, tem alguma árvore de onde caem de podres políticos corruptos? Se eles passam alguns, repetimos, ALGUNS dias em Brasília, lá no Congresso ou na Esplanada dos Ministérios, é porque o Brasil os mandou para cá.
Seria injusto também criticar e resumir os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e do resto do país pelos escândalos que os políticos deles estão envolvidos. O manifesto aqui não é especificamente contra essa nota, o veículo de imprensa ou o jornalista que escreveu tal frase. Pois isso acontece quase todos os dias em toda a imprensa nacional.
Esta nota é apenas mais um exemplo do linchamento que sofremos. Quem escreveu não teve a intenção de difamar 3 milhões de habitantes. Eles só enxergam a Brasília como a central do poder. A nota é direcionada aos personagens da política que tem como cenário prédios públicos que estão na capital. Por isso, é preciso sensibilizar a imprensa para que veja a cidade com olhos diferentes, nos conheça melhor. É preciso que entenda a importância de diferenciar a cidade e sua população do Palácio do Planalto e do Congresso.
Somos o que há de pior, somos malditos, somos rejeitados. Quando é que o país e a imprensa vão enxergar a tamanha injustiça que fazem com 3 milhões de pessoas?! Todos nós não prestamos? A injustiça que fazem com as crianças e os jovens nascidos aqui que nada têm a ver com os escândalos da política. Nascer e morar em Brasília não pode ser motivo de vergonha, e sim de orgulho.
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