Esta semana fui surpreendida com uma série de mensagens de amigos indignados com o síndico do Bloco H, que resolveu acabar com uma horta comunitária na 216 Norte. E é de se espantar mesmo! Uma horta é uma iniciativa tão do bem…
Os moradores da região têm o maior orgulho dos “jardins medicinais e comestíveis” criados por ali. Não é de hoje que acompanho o carinho da comunidade com as plantas e os múltiplos significados que esses espaços têm na vida das pessoas.
Na última temporada do Distrito Cultural, mostramos a horta comunitária da 416 Norte, a quadra vizinha. Os moradores plantam, cuidam, se encontram, se alimentam… O cantinho vira um ponto de convívio, saudável e democrático. É de todos e para todos!
Essa é a verdadeira vocação dos nossos espaços públicos. Maria Elisa Costa, em entrevista ao Olhar Brasília, destacou: “Ninguém pode se achar proprietário dos pilotis dos prédios de Brasília! Os moradores dos apartamentos são ‘proprietários’ a partir do primeiro andar!”
É um dos conceitos mais lindos da cidade. A liberdade de escolher qualquer caminho, de poder ficar em qualquer lugar. Ninguém é dono do chão, ou melhor, todos são donos – em igualdade. E nenhum síndico pode ter poder maior do que a coletividade.
Já briguei muito no meu prédio uma época em que não queriam deixar as crianças brincarem embaixo do bloco. Ninguém pode proibir a brincadeira livre nos pilotis. E fico sem entender por que alguém destruiria um jardim tão lindo feito pela comunidade…
As hortas promovem o encontro. Mostram como é bom você conhecer o seu vizinho e poder contar com ele. Aproveitar essa característica única de Brasília é uma delícia. No jardim do meu prédio, por exemplo, a gente pode se fartar com amoras, mangas, romãs e pitangas, colhidas no pé. E não faltam manjericão, alecrim e erva-cidreira.
Já imaginou uma cidade grande que te oferece essa maravilha?! Essa cidade é Brasília. Que sorte a nossa!!!!
P.S.: conversei ontem com o síndico Jader Luciano Almeida. Ele sustentou que a decisão de retirar a horta foi tomada pela maioria dos presentes, em assembleia do condomínio. Ele afirmou que no momento da votação tinha 16 procurações, mas não soube precisar quantos votos foram computados ao todo para garantir a retirada das plantas. Ele classificou a horta atual como “uma bagunça e um depósito de lixo”. Estive lá hoje de manhã e encontrei um cantinho muito bem cuidado:
18 Comentários
Alda Duarte
01/03/2018 at 11:40O sindico parece não lembrar quantas pessoas decidiram destruir a horta, pelo “habitus” de tomar decisões unilaterais como as de se auto-eleger e de levar pessoas estranhas para a reunião. Sintomático!
Incrível ver a recorrência e distorção dos discursos que não se sustentam num ambiente democrático! Acho que nem isso, o sindico compreendeu: a era da internet é a era da democracia. Todos os vizinhos presentes contestaram a “decretação” da retirada da horta. Além do ato imoral de se auto-eleger, valendo-se de procurações de proprietários, que não representam os interesses comuns, o administrador do condomínio do bloco H esqueceu completamente que o interesse dos moradores prevalece na convenção do condomínio, e que por mais anônimos que estes sejam, também conhecem seus direitos e a imprensa. O senhor administrador do condomínio parece incapaz de dialogar aberta e honestamente. – O que intriga a todos os vizinhos de dentro e de fora da quadra como eu, que sou ativista por direito á cidade, é o que mantem um servidor público do escalão do senhor Jader, que sequer é morador da quadra num cargo de sindico de um edifício de apartamentos de 1 quarto, onde não é proprietário, onde até abdica do pro-labore. Muito curioso esse hobby,não? Não posso chamar de filantropia, porque não há respeito aos interesses comuns.
Esse conflito, que acho que o Sr. Jader não comprendeu, agora é público!!!
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:37Uma pena esta situação! Só torço pra que a horta continue verdinha no local, Alda. O verde é garantia de qualidade de vida!
jo
01/03/2018 at 14:40Sim, era um deposito de lixo, antes de os moradores fazerem a horta. Os moradores, sem auxilio da adminstracao do bloco, limparam a area e preparam-na para plantar. Hoje é uma lindeza, um espaço aconchegante de convivência comunitaria e de colheira de ervas aromáticas e nutraceuticas.
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:35Eu pude atestar isso, Jo. Não há lixo no local, apenas uma horta muito bem cuidada.
Isabel Christina Souza Aguiar
02/03/2018 at 00:43Gente, é lamentável a decisão da maioria presente à reunião. E é lamentável também que a maioria real viva para se omitir. Não é uma crítica, é mais uma constatação. Condomínios são como países em que tudo é decidido por meio de deliberação dos envolvidos. Se o que o síndico declara é verdade, a decisão tomada pode receber todos os adjetivos, menos o de ser ilegítima. Aproveitemos esse acontecimento para refletirmos e assumirmos uma nova postura, a de participarmos daquilo que nos diz respeito. Um abraço.
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:35Você tem toda razão nesse “puxão de orelha”, Isabel. Não entro nesse mérito específico da horta desta quadra, até porque não moro lá, mas de fato a participação das pessoas, no geral, ainda é muito pequena. E é como vc bem disse, os condomínios precisam da participação dos moradores o tempo todo.
Denise
02/03/2018 at 09:08Espero q a horta ganhe está parada ! Parabéns pelas iniciativas de plantar e de defesa.
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:32Também torço pelo verde, Denise!
ADRIANA MORBECK ESTEVES
02/03/2018 at 13:24Sugiro marcarmos um dia para dar um abraço coletivo nesta linda atividade comunitária! Assim aproveitamos para matar as saudades e falarmos de nossos planos para 2018!
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:32Uma atividade comunitária realmente de muito valor, Adriana!
Sérgio Ferreira da Costa
02/03/2018 at 19:17– Infelizmente, para certos “indivíduos”, o verde e a matéria orgânica que ele produz no dia a dia, é, simplesmente “lixo”… Esquecem ou não sabem, que o verde produz duas coisas fundamentais para o ser humano: oxigênio e água, através da evapotranspiração. Isso sem falar na sombra, onde todos gostam de colocar seus carrões; redução da temperatura ambiente, criando micro climas mais agradáveis; diminuem a erosão do solo, protegendo-o das chuvas; fornecem alimentos e medicamentos, etc,etc… São aqueles que acham que folhas são sujeira, que não podem ter árvores no quintal pra não terem o trabalho de varre-lo, e assim sendo, preferem cimentá-lo.
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:31Tem toda razão, Sérgio. O verde é fundamental, em vários aspectos, para manter a nossa qualidade de vida!
Fa
03/03/2018 at 07:45Se a maioria decidiu então é pq por algum motivo estava incomodando. Simples assim. E ai não tem nada de bem cuidado.
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:30Estive na horta no dia em que escrevi o texto e estava extremamente bem cuidada na ocasião.
Kátia de Castro Talarico Nogueira
08/03/2018 at 16:22Isso não faz sentido… que
Coisa ein! Eu aqui sofrendo para conseguir fazer e manter no meu apartamento uma
Horta vertical e gente implicando com quem faz e cuida dos espaços públicos de forma útil, Deliberadamente. Cada uma pelamordedeus
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:23Não tem explicação mesmo pra um desmando desses. E você precisa ver como horta da 216 está bonita e bem cuidada…
Leonel Graça Generoso Pereira
14/03/2018 at 09:17Iniciativas como essa , de alto interesse para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, não podem ficar marginais. Existe uma lei de agricultura urbana que está para ser regulamentada, permitindo que essas atividades possam ser devidamente apoiadas e não sejam prejudicadas por um tipo cada vez mais frequente de cidadãos no plano: aquele que não gosta de gente, de criança, de nada que incomode sua cômoda vidinha. É do ele e sua televisão.