Por Sara Campos
Em funcionamento desde 2015, o Mercado de Agricultura Familiar, na CEASA, é uma verdadeira exposição dos sabores regionais a poucos quilômetros do centro de Brasília.
Nos últimos anos, a cultura de feiras livres, presente há décadas fora do eixo Plano Piloto, aterrissou no avião desenhado por Lucio Costa. São tempos de busca de alimentos frescos e ingredientes locais.
Em diferentes pontos da cidade é possível vivenciar o contato direto com produtores rurais que ultrapassa informações triviais: trocas de receitas e detalhes sobre o plantio de mudas são exemplos da interação nesses espaços dedicados aos sabores regionais.
Entusiasta do Cerrado, a cozinheira Ana Paula Boquadi, que comanda o restaurante Buriti Zen, é presença garantida semanalmente no Mercado da CEASA.
“Por lá trocamos ideias, receitas e saberes. Conheci uma grande variedade de ingredientes difíceis de serem encontrados em outro lugar. Como chef de cozinha, é importante garantir novidades, que despertem a curiosidade dos clientes” ressalta a gastrônoma, que também é ativista do movimento ecogastronômico Slow Food.
“Uma das vantagens dos circuitos curtos (aproximar quem produz de quem consome) é a criação de vínculos. Toda essa comunicação sinaliza um reconhecimento do trabalho e o resgate da autoestima desses trabalhadores do campo”, destaca o extensionista rural da EMATER –DF e responsável pelas feiras livres do Distrito Federal, Jose Nilton Campelo.
Entre as mais de 100 feiras espalhadas por Brasília, o Mercado da Agricultura Familiar destaca-se pela interessante variedade de ingredientes. O espaço conta com 80 produtores rurais do DF e entorno. Eles comercializam desde mudas de ervas mais difíceis de encontrar em mercados convencionais, como endro e salvia; frutos abundantes no Cerrado como bacupari, gabiroba e mangaba e subprodutos como o mesocarpo de baru, parte nutritiva da castanha processada pela produtora rural Madalena Soares.
Sorridente e orgulhosa do trabalho de extrativismo, que executa ao lado da família, num assentamento no município de Padre Bernardo, em Goiás, ela repassa diversas receitas com o ingrediente. “O mesocarpo é bom pra tudo! Pra colocar no mingau, substituir o açúcar e fazer bolos e biscoitos…”
A agricultora destaca os planos de criar uma agroindústria. “Quero fazer essas receitas em casa para poder vender tudo por aqui. Poucas pessoas conhecem essas opções que podemos fazer com o baru”, conta Madalena.
2 Comentários
DANIELA S SIQUEIRA
07/03/2018 at 15:01Adoro o CEASA!!!! Compro sempre macarrão italiano, morangos …. sempre que eu posso levo os meninos para conversar com os agricultores e feirantes… 🙂
Marcia Zarur
09/03/2018 at 19:27É sempre uma experiência rica mesmo! Nos dias de hoje a vida fica tão descolada de suas origens, que as crianças da cidade não têm a menor noção de como é o trabalho no campo.