“Diziam que a Brasília dos anos 80 não tinha vida cultural. Tinha sim! A gente ia lá e fazia. Eu acho que não era tédio com um ‘T’ bem grande pra você, o que a gente sentia era urgência com um ‘U’ bem grande – isso sim!”
Quem diz é Philippe Seabra, líder da Plebe Rude, que sabe muito bem o poder dessa urgência juvenil e do que é capaz a pressa em viver e realizar…
Ontem Brasília viveu um dia estanho, com gente estressada. Nuvens pesadas, em todos os sentidos, sufocavam a cidade desde cedo à espera da votação do STF. Declarações nebulosas de generais, cercas separando “torcidas” na Esplanada, trânsito caótico e nervos à flor da pele.
Com tudo isso, foi surpreendente ter um refresco no meio de um dia tão atípico. Um café pra discutir trabalho, com Philippe Seabra, Marcos Pinheiro e com a minha parceira de site, Samanta Sallum.
O assunto foi Brasília, claro – sempre! A nossa cidade do ontem, do hoje e do futuro. Memórias deliciosas e reflexões sobre o que há de vir. O papo também passeou pelo rock n’roll com DNA candango. Falamos de Legião e do absurdo que é o acervo de Renato Russo não estar em Brasília.
Nos últimos dias fomos surpreendidos pelo desabafo da irmã do músico, nas redes sociais, lamentando que objetos, livros e LPs de Renato sejam leiloados pelo filho dele, Giuliano Manfredini. Foi um choque para a legião de admiradores da Legião.
Memória brasiliense
Marcos Pinheiro, criador do programa Cult 22 e uma enciclopédia do rock brasiliense, é um dos defensores da vinda desse acervo para Brasília. E certamente o Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, seria o lugar perfeito.
Philippe Seabra faz coro, a mãe e a irmã do músico também. E a cidade vibraria com a possibilidade de ter esse memorial. O grupo Uma Outra Estação, que reúne mais de 50 mil integrantes no facebook, também se mobiliza pela causa.
Afinal, Brasília foi o palco do Aborto Elétrico, do Trovador Solitário e da Legião Urbana. Brasília está na essência, na vivência, nas letras, na inspiração… A cidade foi musa, foi ninho, foi amada, fez chorar e vibrar. Brasília é a parte mais presente dessa história e merece guardar para o futuro a memória de Renato.
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