Por Samanta Sallum
Daqui a poucos dias, ela completa 59 anos. Se Brasília pudesse se olhar no espelho, acredito que não gostaria muito do reflexo. Iria se estranhar e, num suspiro questionador, diria: “Acho que poderia estar bem melhor para o que esperavam de mim quando me criaram…”
Apesar disso, sim, ela merece ser celebrada pela realização do sonho brasileiro, por sua epopeia na construção. Porque é fato, e não versão, cravado na história de tantos pioneiros e gerações deles, que Brasília foi e é uma terra de oportunidades.
Sim, é preciso comemorar os 59 anos de uma cidade que em alguns aspectos conseguiu até se superar. Aqui não falta vida, não falta gente boa! Mas também merece um grito, um coro a clamar mais cuidado e carinho com ela. É um absurdo uma cidade tão, tão jovem, comparada a outras capitais seculares, aparentar certa senilidade. A cidade que nasceu futurista hoje evidencia, aos 59 anos, sinais de decrepitude.
Quem, ontem mesmo, sem nunca ter ido a Paris, não se entristeceu com o incêndio da Catedral Notre-Dame? Há poucos meses, estávamos chocados com o incêndio do nosso Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. E, aqui, em Brasília, temos motivos também para lamentar. Nosso templo das artes, o Teatro Nacional, está fechado há anos. O Museu de Arte Moderna (MAB) virou uma lenda. E atenção! O Museu da República está indo pelo mesmo caminho!
Monumentos que carecem de cuidados, manutenção. Um patrimônio que não é apenas dos brasilienses, é dos brasileiros. Dos turistas que deveriam estar cada vez mais nos visitando.
Nós, do site Olhar Brasília, criamos este espaço, há 2 anos, como um manifesto de defesa e valorização da nossa capital. E logo depois surgiu o movimento “Mexeu com Brasília, Mexeu Comigo!”. Não é um movimento que usa óculos cor-de-rosa e só quer ver o que temos de belo. Não! É um movimento acima de tudo em defesa do brasiliense e de sua qualidade de vida. E nosso presente para os 59 anos da capital é o Prêmio Olhar Brasília de Fotografia, que qualquer pessoa pode participar! Veja aqui.
Cultura, transporte público, saúde, segurança, cidadania são necessidades básicas desta cidade. E lutamos também por isso. E mais do que nunca pela sua preservação! Queremos uma Brasília que aos 60 anos, no ano que vem, possa reencontrar seu vigor, seu viço, e, principalmente, seu perfume de esperança!
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